Conciliação na mídia
Entrevista feita com um de nossos professores, Desembargador Dr. Vanderci Álvares dada à Rádio Gazeta AM.
O Desembargador conta um pouco mais sobre sua trajetória profissional e sobre os Métodos Alternativos de Conciliação e Mediação de Conflitos.
Publicado em 2013
"Mediar é equilibrar através do diálogo as diferenças, sem julgar, sem tomar partido de ninguém, estar, administrar a conversar para uma solução boa para todo. Quer coisa mais justa?
Eu sou diferente de você, que é diferente do seu vizinho, que também é diferente da moça da padaria e assim por diante. Mas apesar de nossas diferentes crenças, culturas e vivências, algo em comum nos une. E sabe o que isso é capaz de fazer? Transformar o mundo!
Que tal começarmos com o desejo de fazer o melhor para as pessoas ao nosso redor e, consequentemente, para nós mesmos? Pense nisso." Jussara Sartini
CONFLITOS HUMANOS
Desde a nossa concepção já encontramos o conflito. no momento do nosso nascimento, no instante do nosso primeiro choro, começam os nossos conflitos... O choro pelo alimento, pela atenção, pela nossa sobrevivência, dependemos totalmente do outro. Se o outro não me dá o que necessito, o que desejo, o conflito está instalado. Dessa forma, o conflito é inerente ao ser humano.
Como lidar com esse impasse? As diferenças humanas existem no sentido de cada qual ser é único e sente de maneira exclusiva.
Cada um pensa, sente e reage de maneira peculiar a cada problema; fruto da carga genética somada ao seu desenvolvimento infantil, ou seja, como foi treinado, ensinado, estimulado; com que tipo de problemática cresceu e como foi orientado a reagir frente as mais diferentes situações da vida. Uma discussão provoca em cada indivíduo uma reação e sentimento único, daí a grande dificuldade nos relacionamentos humanos.
Outro fator é a educação centrada no indivíduo, principalmente numa sociedade capitalista. É muito incomum os pais ensinarem as seus filhos frente a qualquer obstáculo tentar se colocar no lugar do outro, no sentido de desenvolver o pensamento de como o outro sente e vivencia aquela situação. Aquilo que não é bom para mim, pode ou não ser bom para o outro.
Vivemos numa sociedade que valoriza o TER e não o SER, o que no meu ponto de vista, reforça o comportamento agressivo, egoísta e cada vez mais conflituoso. Temos que desesperadamente ser o melhor, ter o carro do ano, último tipo, ser o mais capacitado na atividade profissional, etc.
Cada vez mais estamos focados em nós mesmos, o que nos torna cada vez mais conflituosos e insatisfeitos, no sentindo de tomarmos uma posição e não abrirmos mão dela. É isso, quero, o outro é que mude, se adeque aos meus caprichos e desejos. O importante é que eu saia vencedor. Aí pergunto vencedor de quê? O que isso importa durante a minha vida? Será que se eu mudar a minha maneira de pensar e reagir de modo diferente, não me surpreenderia o resultado?
Então, se eu conseguir pelo menos refletir sobre o fato, visualizar o conflito de maneira diferente, consequentemente terei uma nova postura frente ao mesmo.
O conflito só pode ser amenizado e/ou resolvido à medida que um novo paradigma se instala. Portanto, faz necessária uma mudança de pensamento e conseqüente resolução das problemáticas humanas.
O atual SER HUMANO está num momento de “corda esticada”, isto é, faz, faz, faz, têm, têm, têm e não consegue a satisfação almejada, vive em busca do MUNDO IDEAL, aquele mundo que só existe NO SEU PENSAMENTO. Vivemos com infinitas novas e antigas doenças, sobrecarregados de trabalho, cheios de problemas, e em muitos casos não sabemos como resolver e nem ao menos sabemos o que se deseja.
Vivemos como se fosse “na onda” da maioria, sem ao menos se questionar, pensar sobre o que e pelo que está brigando, lutando. Fazemos e reagimos porque todos fazem e reagem de maneira automatizada, como se vivêssemos com o piloto automático ligado, não refletindo sobre seus posicionamentos, seus reais desejos. Em suma, sem real autoconhecimento, e por consequente sem noção da própria vida.
Jussara Sartini
Diretora Executiva do Mediata